Objeto interestelar fará encontro mais próximo com Júpiter em março de 2026 — e reacende debate sobre sua origem
O misterioso visitante interestelar 3I/ATLAS fará sua aproximação mais próxima de Júpiter em 16 de março de 2026, passando a cerca de 53,445 milhões de quilômetros do gigante gasoso. O evento, já confirmado pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL/NASA), reacende discussões entre cientistas sobre a verdadeira natureza do objeto — que alguns defendem ser um cometa, enquanto outros levantam hipóteses mais ousadas.
11/24/20252 min read


Via Gety Imagens
Um encontro raro — quase uma coincidência cósmica
Segundo cálculos do JPL baseados em mais de 230 observatórios, o objeto cruzará o limite conhecido como raio de Hill de Júpiter, a região em que a gravidade do planeta domina sobre a do Sol.
A probabilidade estatística dessa aproximação é de apenas 1 em 26.000, argumento que levou o astrofísico de Harvard Avi Loeb a considerar que o alinhamento pode não ter sido casual.
NASA reforça: “Ele se comporta como um cometa”
Durante uma coletiva realizada em 19 de novembro, autoridades da NASA reforçaram que o 3I/ATLAS mostra características típicas de um cometa — coma, cauda e padrões de atividade conhecidos.
O administrador associado Amit Kshatriya destacou que a agência continua buscando sinais de vida extraterrestre, mas afirmou:
“3I/ATLAS é, sim, um cometa.”
Mesmo assim, o debate permanece aberto.
A “13ª anomalia”: Loeb volta a levantar hipótese tecnológica
Loeb afirma ter identificado uma aceleração não gravitacional de 5 × 10⁻⁷ UA/dia² durante o periélio, em 30 de outubro.
Segundo ele, essa leve alteração no percurso parece ter sido “precisamente calibrada” para que o objeto cruzasse o raio de Hill de Júpiter.
O astrofísico vai além: sugere a possibilidade de que o 3I/ATLAS seja uma “nave-mãe” interestelar, capaz de liberar sondas ou dispositivos na órbita joviana.
Cientistas contestam
A hipótese é vista com ceticismo pela maioria dos astrônomos.
O astrofísico Jason Wright (Penn State) publicou uma análise explicando que todos os desvios relatados podem ser atribuídos a processos naturais.
Um estudo recente do pesquisador Florian Neukart (Universidade de Leiden) reforça essa visão, atribuindo a aceleração à desgaseificação comum de CO₂ e CO — fenômeno típico em cometas ativos.
Observações recentes mostram composição incomum
O Mars Reconnaissance Orbiter registrou imagens detalhadas do objeto em outubro, quando o 3I/ATLAS passou a 19 milhões de milhas de Marte.
Dados de outras missões — MAVEN, Hubble e James Webb — revelaram algo surpreendente:
Uma proporção 8:1 de dióxido de carbono em relação à água, uma das maiores já observadas em qualquer cometa conhecido.
Próximos encontros e novas oportunidades de estudo
🌍 Aproximação com a Terra
Data: 19 de dezembro de 2025
Distância: 170 milhões de milhas (cerca do dobro da distância Terra–Sol)
Risco: nenhum
Loeb afirma que, até lá, os cientistas deverão ter dados suficientes para identificar se os jatos de material vêm de bolsões naturais de gelo ou de algum tipo de propulsão artificial.
🛰️ Possíveis observações futuras
Juno (NASA): pode observar o objeto em 2026, embora a nave esteja com combustível limitado.
JUICE (ESA): tentou capturar dados em novembro de 2025; resultados devem chegar até fevereiro de 2026.
