LIGO registra primeiros buracos negros de segunda geração formados por fusões anteriores
A colaboração LIGO-Virgo-KAGRA detecta dois eventos inéditos de ondas gravitacionais e confirma, pela primeira vez, a existência de buracos negros formados a partir de fusões anteriores. A descoberta revela como objetos supermassivos evoluem em ambientes estelares densos e reforça o cenário de formação hierárquica no universo.
11/4/20252 min read


Dois eventos inéditos comprovam buracos negros de segunda geração
A rede internacional LIGO-Virgo-KAGRA confirmou a detecção de dois eventos de ondas gravitacionais no fim de 2024 que trazem a primeira evidência direta de buracos negros de “segunda geração” — isto é, objetos formados a partir da fusão de buracos negros mais antigos.
As observações, publicadas no The Astrophysical Journal Letters, revelam novos detalhes sobre a evolução dos objetos mais massivos do cosmos e apontam para ambientes estelares densos como berço de fusões sucessivas.
Os eventos GW241011 e GW241110 quebram recordes de rotação e massa
O primeiro evento, GW241011, foi detectado em 11 de outubro de 2024, a cerca de 700 milhões de anos-luz da Terra. Ele envolveu a colisão de dois buracos negros com 17 e 7 massas solares, sendo que o maior apresentou uma das rotações mais extremas já observadas.
Exatamente um mês depois, em 10 de novembro, o evento GW241110 envolveu buracos negros de 16 e 8 massas solares, a 2,4 bilhões de anos-luz de distância. Esse segundo caso chamou ainda mais atenção: o buraco negro primário girava no sentido oposto à órbita do sistema, algo nunca registrado antes.
🔭 Segundo Stephen Fairhurst, porta-voz da Colaboração LIGO, esses são “dois dos eventos mais incomuns já detectados entre centenas de fusões registradas até agora”.
Evidências confirmam formação hierárquica em regiões estelares densas
Os pesquisadores apontam que a diferença de massa entre os objetos, aliada às rotações anômalas, só pode ser explicada por um cenário em que os buracos negros se formaram após fases anteriores de fusão — algo esperado em regiões como aglomerados estelares globulares, onde a gravidade é intensa o suficiente para reter remanescentes após colisões.
📌 Simulações sugerem que esse processo pode gerar buracos negros com mais de 250 vezes a massa do Sol, caso as fusões em cadeia continuem acontecendo.
Descoberta reforça o papel do LIGO na nova era da astronomia gravitacional
As detecções foram feitas durante a quarta fase de observações da rede LIGO-Virgo-KAGRA, iniciada em maio de 2023 e programada para durar até novembro de 2025. Até agora, aproximadamente 300 fusões de buracos negros já foram registradas nesta etapa.
Segundo Gianluca Gemme, porta-voz da Colaboração Virgo, os resultados mostram que alguns buracos negros “não são objetos isolados, mas membros de ambientes cósmicos densos e dinâmicos”.
